Um mês e meio depois

Em meio ao turbilhão de sentimentos que a volta ao Brasil acarretou e em meio a um milhão de sentimentos que me tomam por conta das manifestações por justiça neste país, venho escrever um post novo. E venho falar de sentimentos mesmo.

Muitos têm me perguntando como foi a experiência nos Estados Unidos, ou como foi voltar pra casa, ou ainda, como é estar de volta. Geralmente eu encurto a conversa porque nem todos querem realmente saber detalhes; nem todos querem saber como você realmente se sente. A maioria das pessoas querem ouvir o que eu venho repetindo sempre que me deparo com alguma pessoa que não tinha visto ainda: "Foi ótimo!"; "Aprendi muitíssimo"; "Foi uma experiência incrível pra mim". De fato, nada disso é mentira. Mas pra aqueles que realmente querem mais detalhes sobre meus sentimentos, escrevo uma análise mais aprofundada  aqui. ;)

A dor da despedida

Não acreditei que as pessoas estivessem falando a verdade quando diziam que seria muito difícil deixar a minha vida no exterior. Pra mim, essa coisa de fase ovelha negra e fase lua-de-mel era ridícula.

I was sooo wrong!!!!!

E eles estavam tão certos! Há fases de puro ódio e de puro amor. Vocês têm a prova aqui, neste blog, é só voltarem alguns meses no tempo, rs.

A hora da despedida, claro, é a de puro amor e a mais triste, por conta disso. No meu caso, não pelo país em si, ou pela faculdade, mas sim pelos amigos. Sinto muita falta das pessoas que eu conheci lá; dos nossos momentos juntos; do quanto eu aprendi com eles. Sinto falta da Sari e da Helena, principalmente. Deixar os Estados Unidos foi triste, porque foi deixar pessoas tão queridas pra trás. Foi também deixar uma rotina muito agradável, que contava com horas em academia, estudos interessantes e os mais diversos eventos.

(Muita gente estranha quando digo que não sinto falta do país. A questão é que eu estava em uma cidade minúscula, que não me oferecia nada mais que Pedreira (SP). Fora que nem ônibus tinha no fim de semana. Entendem agora? Claro que eu amei New York, San Francisco, Boston... Mas não morava em nenhuma delas.)

A estranheza

É engraçado, mas é fato: chegar no Brasil foi a mesma coisa que chegar nos Estados Unidos. No começo do semestre lá, à medida que fui entrando em contato com os costumes e a cultura americana, fui notando coisas que me desagradavam. Um exemplo é o quanto estranhei a distância deles. Eu os achava muito frios, sem graça. Aos poucos fui me acostumando com essa individualidade e até passei a gostar dela. Posso dizer isso com certeza porque, ao chegar no Brasil, o que eu achei muito estranho foi a proximidade das pessoas; o fato delas chegarem tão perto e esbarrarem sem pedir licença ou desculpas; o fato delas falarem sobre tudo sem respeitar minha individualidade. Voltar foi, portanto, todo um processo maluco. Posso dizer que as duas primeiras semanas no Brasil foram de total estranheza; uma sensação de não me sentir em casa, de achar tudo ruim (exceto comida). A parte boa é que essa sensação passou e eu estou muito bem agora.

A maturidade

Eu amadureci muito nesse tempo fora. Não porque estava nos Estados Unidos, mas porque estava longe da minha zona de conforto; porque tive que enfrentar os medos e as dificuldades de se morar sozinho. Foi bem complicado no início, mas depois não queria mais perder toda aquela nova rotina. Ainda é super awkward voltar a morar com meu pai e minha irmã, ter que dar satisfações de tudo que vou fazer...essas coisas de não morar sozinho.
E não foi só nesse quesito. Eu também amadureci muito intelectualmente. Não sei se por conta da dificuldade de adaptação a um novo sistema de ensino ou por ser tudo em inglês, mas o fato é que eu aprendi muito e acredito que muitas coisas melhoraram. O inglês está muito melhor que antes no que diz respeito a falar, ler e entender, mas o que mais me deixa feliz é que tive a oportunidade de praticar muito a minha escrita, e não só em inglês. Acredito que sou muito mais crítica com relação à escrita hoje, graças a essa experiência. Esta que veio na hora certa, no momento em que eu mais precisava.


O recomeço

O estar no Brasil é um recomeçar. É como se tivesse vivido um sonho muito bom e longo  (com dinheiro fácil, bons estudos e amigos e muitas compras e viagens) e tivesse acordado pra realidade (que não é tão ruim, só meio cara), tendo que retomar todas as minhas atividades de adulta que tinham sido esquecidas.
Também é fato que eu queria recomeçar. Embora a volta tenha sido tão complicada, eu estava ansiosa também pra retomar meus estudos, minha vida no Brasil. Ainda me sinto um tanto confusa no dia-a-dia; às vezes ando de um lado pro outro sem saber bem o que fazer, mas sim, é bom recomeçar!

No momento, muitos planos para o próximo semestre e muita ansiedade na busca pelo emprego ideal. Ao mesmo tempo, muito feliz por entender que ser Fulbrighter permitiu que muitas portas fossem abertas. Como valeu muito a pena!

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Comentários

  1. Não sei como o link do teu blog foi parar nas estatísticas do meu, mas como o teu sobrenome não é me é estranho resolve vir conferir se era a mesma Monica, minha roommie. E não é que foi batata? haha não sabia que tu tinhas um blog e já gostei tanto daqui!! Saudades, minha linda!

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