O que me comoveu no último dia de terapia...


Ela falava quase todas as línguas do mundo

Mas não sabia as palavras mágicas ,

As palavras para abrir os olhos dele.

Porque quando se deixa de viver,

Apaga-se a luz do quarto,


Cessa a voz dos homens,

E quem fica, fica com saudade e quer roubar o dom de Deus.


Mas ela não podia,

E não era por falta de vontade

Dizer as palavras certas

Pra poder rever o brilho dos olhos dele,

Nos olhos dela em frente,


Como só quem vive pode fazer.

As palavras dizem muito mas não dizem tudo.

Ele disse suspirando um grito

Pra ela prosseguir sem medo, sem dó, sem espanto, sem deter-se.

Porque a vida é assim mesmo, uma linha bela com começo e fim.


Então a voz dele findou e passou a se ouvir na boca dela,

Enganando mortes e pesadelos,

Porque quem parte, passa a viver por aí.

Em ti.

Escrito por Leonardo Deuschle, ao saber sobre a minha história com o Lê.

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