A escrita e eu

"Hoje estou particularmente cansada. Deus! Como eu estou trabalhando ultimamente! O que a gente não faz nessa vida pra conseguir um pouco mais de dinheiro, hein? Se, pelo menos, eu tivesse mais tempo em outra posição, não seria tão ruim, eu acho. É sempre do mesmo jeito: acordo às oito, tomo café e sento aqui. Fico nessa cadeira o dia todo. Se paro pra almoçar, é aquela coisa rápida, um congelado resolve. Volto pra cá. É sempre assim. Posso dizer que entendo porque meu pai pega tanto no meu pé. Não é nada saudável essa vida, né? Tudo bem que o João Vitor leva a mesma vida que eu, mas às vezes ele sai pra dar uma volta. Eu nunca consigo! Prazos, prazos. Por que faço isso comigo? Mas que coisa essa dorzinha me enchendo o saco! Não deve ser nada. Todo mundo tem dor no peito todo dia, não? Vamos, Maria, foca no trabalho! Bom, terminando essa seção eu já consigo partir pro próximo texto. Acho que se eu me esforçar um pouquinho termino tudo antes do João Vitor chegar. Nem vou preparar n

O Mario e eu resolvemos nos casar em janeiro de 2015. Isso nos fez entender diversas coisas sobre a dinâmica do casamento e as convenções sociais ao longo do noivado - das quais tratarei em um momento ou outro -, mas o que vem ao caso hoje é que começamos, a partir de 1º de janeiro, a ganhar um enxoval. "Ganhar" porque eu nunca tive um - e a primeira convenção diz que as noivas vão "montando" seu enxoval ao longo da vida enquanto esperam seu príncipe - e porque a casa em que já morávamos tinha muita coisa velha, segundo a pessoa que nos deu o presente, a mãe do Mario. O que o enxoval tem a ver com a história? Quase nada. As convenções? Tudo. Em meio ao monte de lençóis, fronhas, tapetes, guardanapos e toalhas, ganhamos um jogo de toalhas azul e rosa. Lindo! Toalhas de excelente qualidade. Coisa boa mesmo. Gostamos imensamente de tudo, sem tirar nem por. A questão envolvendo as toalhas azul e rosa aconteceu na primeira vez que as usamos. Em um primeiro momento,